Poema inédito
lamber a dor obscura
que adormece sob a nossa consciência incerta
há tanto por fazer e tanto por viver
aí onde estás tão longe do que nos queres
não faltam sonhos impossíveis
e luzes semiacesas
lamber a dor obscura
que adormece sob a nossa consciência incerta
há tanto por fazer e tanto por viver
aí onde estás tão longe do que nos queres
não faltam sonhos impossíveis
e luzes semiacesas
il sogno di un’empatia impossibile
discorso illeggibile come la tua volontà
lo sproloquio usurato del poeta vecchio e tonto
sai come comunicare il mio dolore
come se fosse tuo di diritto e
intanto
la vita termina qui
dove cominci a pronunciarti
nesse olhar que foge de toda a alteridade
há talvez um certo prazer em arrebanhar a nostalgia e o amor
impugnando e rabunhando a toda a força a exceção intrínseca
o sonho de uma empatia impossível
discurso ilegível como a tua vontade
o paleio roto do poeta velho e tonto
sabes como comunicar a minha dor
como se fosse tua por direito e
no entanto
a vida termina aqui
onde começas a pronunciar-te
que a sombra recai ausente
sobre a ausência dos caídos
são tão leves as nossas penas
e no entanto a alma acanha-se
ao mínimo suspiro
pois sabemos
ainda que o não queiramos crer
que a saudade
a lembrança
o abraço agarimoso do mito ausente
a derradeira esperança dessa voz amiga
agacham-se inertes
sob o peso do tempo e da distância
que entre nós supomos
é de fentos o poema
como de fentos é essa ausência
fazer da minha vida um poema lírico
brincar coas letras do meu nome vão
escrever a tua profecia derradeira
em meu olhar
geou hoje sobre o caule do teu exorcismo de vítima
e logo enunciaste o monólogo austríaco
da minha confissão latente